quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Por que roda-fixa?


Bicicletas de pista são leves, rápidas e respondem muito rápido aos comandos. Elas não têm freios e não permitem que se ande na banguela. Elas são projetadas para andar nos velódromos onde fazem um esporte divertido, belo e relativamente seguro (o Keirin no Japão, por exemplo, tem o mesmo status que a corrida de cavalos tem na maioria dos países ocidentais e movimenta altas quantias de dinheiro em apostas).

Agora, mais do que nunca, as pessoas estão andando com estas bicicletas nas ruas. Mais do que nunca fabricantes como Fuji, Bianchi, Gunnar, Cannondale, Surly e KHS estão fabricando bicicletas de pista ou “fixas-de-rua” acessíveis para um público cada vez maior.

O nome “roda-fixa” se apresenta em oposição à “roda-livre”. A nomenclatura popular também se refere à este tipo de tração como “pinhão-fixo” o que implica em duas idéias diferentes, assim como em língua inglesa. Os estado-unidenses chamam este tipo de máquina de “fixed-gear”, o que estaria para o nosso “pinhão-fixo” e que dá a idéia de “marcha-fixa”, isto é, uma única opção de marcha (o que acontece em bicicletas com uma marcha, mas que em geral possuem catraca). Já os britânicos utilizam o termo “fixed-wheel” (roda-fixa) em oposição óbvia ao sistema de “roda-livre” ou catraca. Pinhão ou engrenagem fixa diretamente ao cubo.

Roda-fixa significa apenas uma marcha e sem a opção de andar na banguela!

Quem pedala com roda-fixa?

Nos grandes centros urbanos ao redor do mundo, muitos ciclistas estão vindo de esportes como BMX, MTB, Downhill, Freeriding e Skate. Ciclistas de estrada, em começo de temporada, melhoram sua cadência em bicicletas com roda-fixa. Muitos entregadores de documentos (não existe sistema de entrega com carro, a pé ou de moto que seja mais rápido que uma bicicleta em um grande centro) escolhem a roda-fixa por seu baixo custo de manutenção e menos incomodo do que ter freios, cabos, trocadores, etc.

Os praticantes de Radball (um tipo de futebol sobre bicicletas, popular na Alemanha e Áustria) e os de Ciclismo artístico (uma espécie de ginástica artística sobre bicicletas) e os corredores de provas em velódromos utilizam bicicletas com roda-fixa também.

Alguns ciclistas estão nessa já há algum tempo. Dez, vinte, trinta anos atrás, eles competiam no velódromo ou trabalharam de entregador, o que os fez amar a elegância, simplicidade e o sentimento de “conexão” (tanto com a bicicleta quanto com o fluxo do trânsito) de uma bicicleta de pista na cidade e uma vez que pedalaram com roda-fixa, não voltaram atrás.

Na costa leste dos Estados Unidos, graças à influência caribenha, por mais de meio século, a opção de bicicleta para a piazada era o que um caribenho chamaria de “fixa” ou uma “de pista”. Alguns destes ciclistas eram competidores nacionais e/ou internacionais e acabaram levando esta tradição pros Estados Unidos. O dono da loja “Second Avenue Bicycles Plus” de Nova Iorque, diz se lembrar de pedalar com bicicleta de pista desde os anos 40!

Outra justificativa de vários entregadores de Londres é o fato de as bicicletas com roda-fixa serem um “sistema anti-roubo” natural, além destas bicicletas não chamarem a atenção dos ladrões (por não terem muitas peças e principalmente marchas, uma pessoa não conseguiria pedala-la em uma fuga sem treino apropriado) elas são mais leves e te “ajudam” a pedalar (mesmo não tendo a opção de andar na banguela, você sempre conta com a ajuda do impulso da roda traseira ao pedalar). Por último, e algo que também se aplica em cidades onde chove muito (como Londres e Curitiba) a roda-fixa oferece uma maior segurança de tração em superfícies molhadas.

Vários destes elementos acabaram se juntando e criando uma pequena sub-cultura que é sedenta por conhecimento sobre bicicletas, manobras de sobrevivência nas ruas, pilotagem e manutenção, ciclistas, quadros, componentes e lojas. Apesar de existir uma vasta gama de informação e publicações sobre bicicletas em geral, é difícil encontrar informação escrita, principalmente em português, sobre bicicletas de pista. A informação disponível foi passada de boca-a-boca por ciclistas da velha guarda e que mantiveram o espírito de pedalar com roda-fica nas ruas por todos estes anos.

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